Estamos em La Paz, na Bolívia, onde alugamos um pequeno apartamento nos fundos de um restaurante vegetariano. Dividimos o espaço com um velhinho estadunidense que “desertou” dos Estados Unidos e agora mora (ilegalmente) na Bolívia.
Ainda tenho alguns posts para publicar sobre nossa passagem pelo Chile, mas quis contar esta história da estrada, saída do forno, fresquinha mesmo.
Chegamos em La Paz no começo de agosto e através de uma amiga querida e fotógrafa incrível, Toni, fizemos amizade com um casal que trabalha com mulheres artesãs e comércio justo. Por eles, acabamos conhecendo outras pessoas, entre elas, a Carly, que escreve um blog super interessante chamado Making Sense of Things (Fazendo Sentido das Coisas).
Ontem fomos convidados para jantar na casa dela. E lá fomos nós para a Zona Sur, a parte baixa de La Paz, bem mais rica do que a parte central onde estamos morando.
Éramos 5 pessoas em volta da mesa, dividindo os pratos deliciosos preparados pela Carly. Além de nós 3 (eu, Rodrigo e Carly), a Dana, que está morando no mesmo prédio que a gente e que trabalha com crianças com deficiência auditiva e acabou de chegar em La Paz para durante um ano letivo dar aulas como voluntária numa escola local, e a Dimelza, uma boliviana que conhecemos através da Carly e que já nos deu muitos ‘insights‘ sobre a cidade, a cultura e povo boliviano. A Dimelza mora faz 5 anos na Espanha, e está terminando um mestrado em Direito.
Em algum momento da noite, estávamos falando de livros e que considerando o custo de vida boliviano e o salário mínimo (que é beeeem mínimo), achamos o preço dos livros elevadíssimo aqui na Bolívia. Concluimos, então, que comprar livros deve ser algo bem inacessível para a população local.
O preço médio dos livros varia facilmente entre 150 e 200 bolivianos (50 a 60 reais). Até em livrarias de usados, os livros são caros (entre 80 e 150, mas chegamos a ver por 200 bolivianos). Eu e o Rodrigo achamos que os livros no Brasil também são caros, mas aqui, são mais ainda (Acabei de pedir para uma amiga trazer alguns livros para mim de São Paulo, e na média, estou pagando R$35,00 por livro).
Dimelza nos contou, então, que tem muita pirataria de livro na Bolívia: tiram uma fotocópia do livro inteiro e vendem-na por 1 a 10 bolivianos (30 centavos a 3 reais).
E aí vem a história que eu quero contar:
A Dimelza tem uma tia que mora em Londres. Numa viagem de visita à Bolívia, a tia encontrou para vender numa barraquinha a coleção inteira traduzida para o espanhol do Paulo Coelho. Por 5 bolivianos. Isto é, um calhamaço de fotocópias dos livros. Comprou o calhamaço e levou na mala para Londres. Continue reading “Paulo Coelho, livros piratas e o preconceito”