Ao lado do nome Cochíguaz, no nosso mapa, uma amiga escreveu: ‘nice’. Foi o suficiente para decidirmos ir para lá.
Descobrimos depois que, para percorrer os cerca de 15 quilômetros de estrada de terra, só mesmo a pé ou haciendo dedo (pedindo carona), mas isto não diminuiu nosso entusiasmo. Aliás, talvez tenha até aumentado: estávamos mesmo querendo entrar de cabeça neste negócio de hacer dedo para chegar nos lugares. Estava calor e o mochilão pesava quando um homem, finalmente, parou o carro e nos disse que nos levaria por alguns quilômetros. Entramos agradecidos. Chamava-se Juan Manuel. E foi assim, de dentro do carro dele, que chegamos mais perto de Cochíguaz. O caminho já ia anunciando a beleza que nos esperava. Juan Manuel não nos levou até o vilarejo, nos deixou no meio do caminho. Caminhamos o resto a pé. Da estrada, víamos lá embaixo o vale colorido, víamos e ouvíamos o rio, Rio Mágico, é o nome. Era de uma beleza impressionante, imponente, maravilhosa. Chegamos no vilarejo no final do dia, suados e exaustos. O parque onde acamparíamos ficava, felizmente, logo ali na esquina. Encontramos um lugar perto do rio para montar a barraca: nossa primeira vez acampando nesta viagem. Alguém nos indicou o almacén (mercadinho) Bella Doña como o mais barato do lugar. Compramos alguns legumes e macarrão e voltamos para nossa barraca quando a noite já tinha caído. Cozinhamos no escuro, já que não tivemos tempo de recolher lenha suficiente para fazer uma fogueira que durasse mais do que 3 minutos acesa. Dormimos olhando o céu, pipocado de estrelas.
No dia seguinte fizemos amizade com um casal, Eleonor e Jorge, que passava pelo parque. Naquela noite, eles foram nossos convidados para um jantar improvisado na semi-escuridão.
No terceiro dia, fizemos amizade com um cachorro, que apelidamos de Perrito e que nos acompanhou até o fim da estadia em Cochíguaz, uma companhia gostosa nas noites frias, dormindo perto da fogueira enquanto conversávamos e comíamos. Ele ficava até nos recolhermos à barraca – quando produzia uma pequena cena dramática, com direito a choro, tentando entrar, junto com a gente, na nossa minúscula casa temporária – e ia, então, abrigar-se em algum outro lugar nas proximidades, voltando assim que saíamos da barraca. Acampamos em 3 lugares diferentes, o último na praia do Rio Mágico, um dos lugares mais bonitos que já vi na vida.
Ao longo da estadia no parque, o Rodrigo aprimorou-se na arte de fazer fogueiras. Uma arte, de fato. Nossa última noite, a mais fria de todas, só foi suportável por causa da fogueira, que ele organizou à tarde, acendeu à noite e que alimentou duas vezes durante a madrugada. Num dia de sorte, em que conseguimos duas caronas seguidas, Perrito nos acompanhou até conseguirmos a primeira delas de volta para a cidade. Pelo espelho retrovisor, fiquei olhando-o até vê-lo sumir numa curva.